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O ano de 2012 não foi fácil, 2013 parece que será difícil, mas há espaço para avanços. Esta foi uma das conclusões a que chegaram os participantes do painel “Histórico das campanhas salariais”, durante a tarde deste sábado (2/3), segundo dia do CONSAG Extraordinário Estatutário.

Para o dirigente cutista Pedro Armengol, as conquistas sempre serão proporcionais à capacidade de mobilização dos trabalhadores. “Não existe governo bonzinho. Com Dilma, há uma visão mais tecnicista, “fiscalista” no serviço público, ou seja, paulada no servidor”.

Armengol lembrou que, em janeiro de 2012, as entidades já se preocupavam, entendendo que o ambiente era complexo. “A equipe econômica sinalizava que não haveria margem para negociação, enfatizando a crise econômica, dando como exemplo o que estava ocorrendo na Espanha. Tiramos a nossa pauta e o governo se manteve indiferente a ela. Só em março, fomos recebidos pelo governo”, disse.

Para Armengol, ao longo do processo, os trabalhadores quebraram a lógica do reajuste zero, o que pode ser considerado uma vitória. “A categoria não cedeu à pressão, gente sem salário, perseguições e retaliações. A unidade da classe foi determinante, mesmo que o acordo fosse bom para parte da categoria. Mesmo os que não assinaram acordos são vitoriosos, não há sentimento de derrota”.

Porém, fez um alerta: “se o cenário de 2012 foi esse, o de 2013 parece ser mais restritivo. Nossa capacidade de mobilização terá que ser bem maior. A leitura que devemos fazer, mesmo pessimista, é construir alternativas otimistas e positivas”.

A presidente da Associação dos Servidores da ANEEL – Asea, Cecília Magalhães Francisco, enfatizou a necessidade de mostrar a importância das agências e dos servidores para o governo e para a sociedade como forma de conquistar avanços nas negociações. “Com crise ou sem crise, temos que mostrar isso”.

Já o presidente do Sinagências, João Maria Medeiros de Oliveira, lembrou que, em 2012, “quando olhamos para trás, jamais imaginaríamos ter uma greve de vários meses e que a intransigência do governo fosse tanta. Onde nós erramos?”

João Maria disse que o cenário era muito complexo. “Encontramos um governo que só faltou nos prender, que nos enfrentou da forma mais difícil possível, com corte de ponto, pouco caso com a regulação, com a imprensa tradicional desfavorável e a popularidade de Dilma em ascensão. Isso sem falar da judicialização do conflito como nunca”.

No final de tudo isso houve um avanço, pois nem os 15,8% estavam postos.

“Para os reguladores não foi suficiente. O governo refez a proposta, mesmo assim rejeitamos – e é preciso muita unidade e coerência para fazer isso. Precisamos repensar nesta plenária nossa bandeira histórica. A ideia é que o governo construa, mesmo que minimamente, a paridade com carreiras do ciclo de gestão. Nós temos algo do nosso lado, isto é, as Agências Reguladoras regulam parte determinante do PIB brasileiro; não existe Estado Regulador forte se o governo não tratar com decência esse seguimento. Essa é a nossa linha. Há espaço para buscar avanços. Em 2013, o governo não pode se esquivar de uma proposta positiva aos reguladores”, finalizou João Maria.

Os trabalhos do CONSAG prosseguem durante a noite, agora com a discussão da pauta de reivindicações e criação de comissão de trabalho para definição das diretrizes para elaboração do plano de lutas 2013/2014.